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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Papai do Céu

Lágrimas são mais freqüentes agora do que em qualquer outra época.
Mas agora? Justo agora que eu encontrei o que todos procuram na vida?
Justo agora que tenho tudo o que preciso para viver feliz, e sou ciente disso?

Te conheço, amigo meu
E sei que me fiz conhecida para ti.
Agora não existem mais barreiras, não existem mais rupturas.
Sim, agora.

Choro mais que antigamente, mas por que te entendo, por que me entendes.
Não mais de tristeza, amargura ou incerteza.
Expresso contentamento, confiança e segurança, e a melhor maneira que encontrei foi com pérolas que jorram de dentro de mim.
Do meu coração para o seu.

Receba então, a mim.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Qual seu círculo?

Conversando numa certa volta do dentista com o meu pai, o assunto atingiu uma proporção filosófica, atingindo o ápice na questão da missão de vida de cada um, e percebemos a condição de nobreza peculiar em algumas pessoas.

Essa dimensão me deixou pensativa e após intrigada, pois na mesma semana assisti ao filme ’10.000 DC’, que trazia a essência de nossa conversa em uma frase dita pelo personagem Tic-Tic em uma das partes sentimentais, recheada de conselhos que todo filme épico traz:

Um homem bom faz um círculo a seu redor e cuida dos que estão dentro dele: sua mulher, seus filhos. Outros homens fazem um círculo maior e põe dentro dele seus irmãos e irmãs. Mas alguns homens têm um grande destino. Devem fazer ao redor deles mesmos um círculo que inclua muito, muito mais gente.

Na verdade até usamos essa metáfora, o me deixou ainda mais embasbacada. E um exemplo de fácil compreensão está em um livro bíblico, o de Ester. O homem que faz o círculo ao redor de sua família é bem ilustrado por Hamã[1], que estende as vantagens e regalias que recebe do rei Assuero[2] aos seus familiares. Com um salto de diferença está Mardoqueu[3], judeu e parente da rainha Ester, que fez um grande círculo que abrigava desde seu povo e seus familiares até o próprio rei – quando preveniu uma conspiração.

Quando seu populoso povo israelita, cativos estavam ameaçados ao genocídio[4], o sangue azul que pulsava em suas veias moveu Mardoqueu em atitude, e conseguiu que o fato não fosse consumado. Por causa de suas intenções foi honrado até o fim de seus dias, sendo segundo do rei no lugar do perverso Hamã, procurando o bem-estar de seu povo e trabalhando para a prosperidade dos mesmos. Vantagens ao fim da vida. A questão não é essa.

A real questão é o tipo de pessoa que cada um é. Muito bom cuidar de nossa família. Mais louvável ainda é incluir amigos ao nosso círculo de visão e proteção. Mas existe um chamado para alguns de estender esse círculo a pessoas que nem ao menos conhecemos.

Falei para o meu pai que quero usar o círculo que Deus nos deixou para usar. – Qual é esse?, ele me perguntou. É o círculo que envolve o horizonte. O mundo, meu caro.

Monique, verão de 2009.



[1] Filho de Hamedata, que estava no trono acima de todos os príncipes do rei Assuero.

[2] Nome do rei da Babilônia, em persa antigo. Nas histórias gregas, ele era conhecido com Xerxes I (que reinou de 486 a 465 a.C.).

[3] Judeu descendente da tribo de Benjamin vivendo na Babilônia, época em que os israelitas eram prisioneiros.

[4] Qualquer crime contra a humanidade, nesse caso a matança de um povo.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Novamente, o começo

Todo começo do ano é a mesma coisa: entra em vigor um regime, retiramos maus costumes, cumprimos à risca nossa lista de boas intenções, até ... no máximo uma ou duas semanas. Depois disso resta apenas um sentimento sem nome; um desespero calmo por ver passivamente a vida passar, em cada segundo que escoa pela ampulheta da vida sem uma reação significativa de nossa parte. Esperamos novamente o fim do ano, uma segunda-feira, a chegada de uma nova estação para realizar o que poderia ser feito agora.

Como disse Carlos Drummond de Andrade logo no fim do poema ‘Receita de Ano Novo’:

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
Você, meu caro, têm de
merecê-lo, têm de fazê-lo de novo.
Eu sei que não é fácil, mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera
desde sempre.

Paramos muitos planos pela metade por não compreender e, por conseqüência, não saber como aplicar todo poder que temos em mãos, com a arma mais poderosa já vista: a mente humana.

Olhe ao seu redor. Há uma teia invisível, onde tudo funciona de forma estranhamente harmoniosa, mesmo parecendo uma confusão: máquinas – uma prova é esse computador que você está usando agora –, eletricidade, hierarquia, trânsito, construções, tecnologia. Não foi fruto do acaso, e sim da junção de várias mentes trabalhando juntas.

Vou além. Sabe aquele dia em que parece que tudo está ocorrendo errado? Isso não foi em decorrência de pensamentos ruins logo no início do dia, determinando como este seria? E quando mesmo passando por situações adversas, as coisas mudam de rumo apenas por decidir que nada nos tiraria a alegria? E é aí que mora o perigo.
As doenças que mais assolam o homem do século XXI são psicossomáticas[1], como depressão, estresse, síndrome do pânico. Condicionarmos nossa mente a um determinado tipo de comportamento, é assim que o corpo age. Muitas vezes usamos todo o poder de criação de nossa mente para coisas ruins, sem aproveitamento, e viajamos pela imaginação apenas por fagulhas de instantes, para fugir de uma situação que nos incomoda.

Você já parou para pensar se apenas voa nas asas de sua imaginação, ou possui o brevê[2] para isso?

Na Bíblia Sagrada temos a narração da criação do mundo, assim como de tudo o que nele existe. Destaco para essa postagem um versículo que relata uma particularidade reservada ao homem, o diferenciando de toda criação, que encontramos em Gênesis[3] 1.27: ‘Criou Deus o homem à sua imagem e semelhança’.

Quanta honra está inserida em apenas algumas palavras; fomos criados com base na essência do Criador! E chamo atenção para a característica mais marcante da gênese do mundo: o dom de criar. O mais incrível disso tudo é que Ele nos deu o poder de continuamente criar e recriar o que já existe assim como ele fez: imaginando algo que ainda não existe, acreditando nisso e vendo acontecer.

Quem você gostaria de ser? Não veja a imaginação como um campo ilusório, onde sonhos são considerados utopias e vontades são reprimidas. Voe o mais alto que puder, mas com o controle da situação. Viva e acredite em seus pensamentos. Trabalhando com o poder de controlar a mente, tudo se altera. Invés de ser controlado por situações externas, você é que terá o controle da situação. Não desperdice o brevê para voar através do inexistente, antes, faça como Deus: crie algo novo dentro de você. Assim como um totalmente novo 2009, em cada um de seus 365 dias.


Monique, verão de 2009.


[1] Do grego psykhe; alma + somatikos, relativo ao corpo. Doença orgânica cuja existência e evolução são submetidas a fatores psicológicos, podendo ser a manifestação de alguns sentimentos não exteriorizados (Larousse Cultural, pág. 4822).
[2] Espécie de ‘diploma de aviador’, semelhante a uma habilitação que atesta a capacidade de pilotar (Minidicionário Aurélio, pág. 83; Larousse Cultural, pág. 949).
[3] Bíblia Sagrada, na linguagem NVI (Nova Versão Internacional), Editora Vida: São Paulo, 2008.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Lembranças de Natal

Lembranças, doces lembranças. Não me lembro de neve, casacos pesados, presentes caros. Não me lembro de suculentas ceias à meia noite, tampouco presentes embaixo de uma árvore enorme e iluminada, com reluzente estrela no topo. As lembranças que tenho são de um Natal[1] tropical.

Nelas, meu pai cedendo a minhas súplicas chorosas por um pinheiro de verdade – sendo ele pequeno a ponto de se acomodar no canto da sala ou apenas um galho carregado de pinhas, representando um todo. Ah, aquele cheiro amadeirado inigualável! Só não lembro, mas soube por narrativa de minha mãe: dele muitas vezes a pular cercas de fazendas e se machucar todo com as folhas pontiagudas, mas não voltava para casa enquanto não carregasse aquele pedaço de natureza, tal qual campeão com seu troféu. E a maior alegria, acredito, não era manter a tradição, mas sim iluminado sorriso que de mim era irradiado. Pais. Um dia quero entender tudo isso.

Recordo de pegar todos os aparatos pertinentes a essa mesma árvore (bolinhas coloridas, pisca-pisca, enfeites dos mais variados) que ficavam em cima do guarda-roupa – para ser bem sincera eu gostaria de saber como cabia tanta coisa lá, tudo o que se precisava estava aguardando ser descoberto – e me deliciar por longas horas em sua decoração.

Os presentes não eram deixados em baixo da árvore, mas sim desfrutada de entrega delivery na noite da véspera pelo próprio papai, digo, Papai Noel. Engraçado que ele sempre sumia na hora da entrega de presentes! Sr. Waldemar, que sempre foi meio magro precisava de muito enchimento para aquela barriga ora sinuosa à direita, ora à esquerda. Os presentes, simples ou não eram sempre acompanhados de Ruffles ou Pringles.

A Ceia era feita no almoço do Natal, pois minha mãe é matutina. Se deixar dorme 21:30 e acorda 6:00 todo santo dia. Arroz com passas, maionese, peru e coca-cola. Pêssego, muitas frutas, nozes, panetone, uvas. Iguarias que representam uma época especial também para minhas papilas gustativas. Nunca fomos de muito luxo, com presentes almejados ao longo de um ano inteiro e manjedouras confeccionadas artesanalmente na escola ou conforme o passo-a-passo de algum livro. Amigo da onça com presentes engraçados. Raras vezes acompanhados de parentela.

Lembranças, minhas lembranças. O que para mim mantêm essa data sendo especial até hoje tem sido esse Natal diferente que torna minha família única, diferente e especial, como a sua.

Acima de tudo, me lembro do Criador encarnado em criação, indefeso envolto em panos numa desconfortável manjedoura, sendo adorado e recebendo preciosidades longínquas. Por isso que temos o hábito de presentear no Natal. Mas parece que isso fugiu um pouco do controle.

Realizamos festas familiares, confraternizações corporativas, e amigos secretos. Essa é temporada de um mercado aquecido, sendo a principal época sazonal. Despendemos quase todos os abonos que foram gerados através de 13°, horas extras e premiações e, favor de presentes para amigos e familiares. Preocupamos-nos muito com supérfluos, gastando em nome dos ‘agradinhos’. Mas qual é a relação de tudo isso com o real sentido do Natal; não seria ele de celebrar o nascimento Daquele que veio libertar o mundo? Sinto-me cada vez mais perdida com a deturpação de nossa realidade atual, com todo esse consumismo que gera dívidas sem fim para o ano seguinte – mesmo em época de crise – e indignada com o descaso aos puros sentimentos que essa data inspira.

Quando alguém que amamos está para completar mais um ano de vida nos inquietamos devido às surpresas e presente ideal, visando apenas o sorriso largo do aniversariante e a sensação de ter acertado na escolha de tudo. Despendemos tempo e dinheiro na busca do melhor presente, cartão e os entregamos pessoalmente, junto com palavras rigorosamente selecionadas. Imagine se a pessoa em questão fosse nada mais nada menos que Jesus Cristo. Como será que nós agiríamos? Só o fato de estar com ele já seria totalmente gratificante, podendo ouvir seus ensinamentos, tocar em sua face, demonstrar nosso amor. Com certeza com nosso melhor. Tudo o que pudéssemos oferecer para ter a satisfação de receber aquele sorriso maravilhoso, um abraço caloroso, seguido de muitos beijos e expressões faciais de boas sensações. Seria maravilhoso, não seria?

O mais incrível é que ele está bem aqui, próximo a nós, e para enxergá-lo basta olhar para alguém do seu lado. Independente de quem seja foi feito à imagem e semelhança Dele. Criador refletido em criação. Assim como Ele mesmo disse: ‘se fizeres a algum dos meus pequenos, será como se tivesse feito para mim’. Presentes caros, cartões que quase fazem mais que o presente e surpresas adquiridas através de altas quantias de dinheiro são sim agradáveis de receber. Mas há algo muito mais valioso, que não tem contra indicação e com certeza que todo mundo gosta: o amor.

Como não podemos comemorar com O aniversariante, segue um desafio: surpreender os próximos, representantes deles. Se puder abraçar, beijar e expressar o quanto é importante ter essas pessoas por perto, o faça. Se for preciso arrumar em alguma fazendinha um galho de pinheiro, faça. Nenhum esforço para amar é vão.

Lembranças e mais lembranças. Que elas sejam do melhor Natal já vivido, de dentro para fora, como a expressão do espírito natalino em cada ação. Que o lado sensível do mundo ideal possa ser traduzido de forma ideal no mundo sensível.


Feliz aniversário à todos!




Monique, verão de 2008


[1] Natal, do latim natalis. Comemorado como ocasião do nascimento de Jesus, presumindo-se para tal a data de 25 de dezembro, desde meados do século IV. É marcada pela proximidade do solstício. A popularização do presépio para ilustrar o acontecimento ocorreu apenas no século VIII, por São Francisco de Assis (Larousse Cultural, volume 17, pág. 4160, 1999).

domingo, 21 de dezembro de 2008

Vírus - Pragas virtuais

Cavalo de tróia, Worms, Spywares, keyloggers e hijackers. Podridão do mundo da web, vermes que não sossegam enquanto não causarem danos ao computador infectado - seja capturando informações, alterando o funcionamento normal da máquina [1].

Mandam aqueles cartões no orkut, atrapalham conversas no msn, prejudicam os internautas. Pena que ainda não inventaram uma PCM : Polícia do Ciber Mundo. Inúmeros processos seriam executados contra os criadores dos vírus, uma vez que os danos morais são irreparáveis. Agora nenhum de seus contatos aceita um e-mail com anexos, imagens, links. Tem algo para mostrar para alguém? Sinto muito, somente você é detentor dessa informação.

O vírus não corroi apenas informações, causa impecílios ou afins. Vai muito além disso, corói a confiança. Empresas que mandam promoções, amigos que mandam mensagens, informações a serem compartilhadas. Nada disso mais será aberto, por ocasião de um medo - infundado ou não.
Esse é um dos malefícios que a Internet nos trouxe, e indo mais além, do que o capitalismo nos trouxe. Ninguém pode ter um bom computador, ninguém pode ter calmaria, ninguém pode ser melhor. Capitalismo, em sua pior expressão.

Sinto muito à todos os que andaram recebendo cartões meus pelo orkut, links estranhos no msn, pastas desconfiáveis no pendrive. Não sou eu, nem você, são os vírus desse cibermundo.


Monique, verão de 2008


[1] Veja mais em: http://www.infowester.com/virus.php

Triste vida de operária

Sempre marchando!
Tudo pelo bem da rainha,
tudo pelo bem do formigueiro

Minha vida para arrumar alimento, proteção, segurança...
Minha vida para criar as larvas
que não se lembrarão de sua infância
E que um dia darão suas vidas para arrumar alimento,
proteção segurança,
Minha vida.

Sim senhor, morro por esta causa,
Cumpro tarefa mais tortuosa!
A rainha precisa? Vou atrás de um ‘que seja’ sem fim.

Estou atrasada, tenho que ir depressa
Não há tempo para sentir frio, dor,
Tampouco o delicado perfume de alguma flor

Primaveras vêm e vão, é tudo a mesma coisa
Amor, paixão? Coisa de cigarra,
Que vive a cantar e não tem preocupação

Com licença, vou-me logo a trabalhar
Tenho folhas – muitas – a carregar.

Enxurrada de formigas.
Olho para uma, para outra
acho que vi essa na floresta
Daquela outra fui babá
Olá, não me reconhece?
Ah, deixa pra lá, estou muito ocupada para me abalar.

O inverno chegou forte e impetuoso,
Mas com formigueiro abastado.
Que belo é ver o fruto de tanto trabalho

As pernas fraquejam, já não tenho tanta força
Cheguei ao fim da vida, e de que tudo isso adiantou?
Passaram-se horas, dias, meses e até anos
A vida toda se foi, se esvaiu como areia entre os dedos,
Ou pétalas de rosa a desfalecer no fim da primavera.

Perdi a primavera, com todas as cores e sensações
Perdi a metamorfose – de horrenda larva à exuberante borboleta.
Será que fiz bem?
Um dia, por alguém serei lembrada,
Mesmo que por fagulha de instante?

Perdi minha vida,
Perdi meu tempo, paixões e amores
Mas agora não há como escapar.
Fiz tudo pelo bem da rainha, pelo bem do formigueiro.


Monique, verão de 2008

Matrimônio


Depois da química da paixão ser compatível em número e grau, surge o amor. E com ele o desejo de viver uma nova vida. Convidar padrinhos, programar a cerimônia, escolher o vestido, fechar contratos e mais contratos, pagar as contas, sobreviver. Esses são alguns dos passos antes de um casamento. É o que nós chamamos de noivado.

Imagino e vejo a alegria dos noivos – mais precisamente da Bruninha e Milton –, na chegada do grande dia, vendo tudo o que estava no planejamento se realizar. Ela, com a mania de comprar ‘livros manuais’ para cada ocasião, e ele paciente observando suas escolhas. Ela entrando deslumbrada, despertando de um sonho, e ele no altar aguardando carinhosamente.

Percebi que na maioria dos casamentos que compareço ultimamente, excluem a frase proferida pelo ministro religioso[1]: ‘Se alguém tem algum impedimento contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre’. Melo medo de que alguém algum dia se manifestasse ou encurtar a cerimônia? A visão que me apresentaram foi outra. Um dos meus acompanhantes disse que em um casamento anterior a esse, o bispo que realizava a cerimônia explicou, de forma polida, que não se usa essa frase por causa do amor. Pode parecer estranho, mas tem sentido.

O amor é a força motriz que faz girar o mundo. Ora, estamos a cada dia querendo viver padrões fictícios impostos pela mídia através de filmes e novelas, fruto da imaginação de um escritor e atuada por famosos. Essa idéia é comprada por várias pessoas, que se imaginam naquele momento, como se fosse real e criam uma imagem mental daquele amor. Mas de tão utópico que chega a parecer, desacreditamos que um dia realmente aquilo venha a ocorrer.

Ouvi certa feita uma explanação de um cliente acerca de pessoas que duvidam da procedência das Bíblia Sagrada, e também de variações na tradução. É fácil deturpar uma obra isolada, na qual somente um exemplar exista, mas a Bíblia é bem mais do que isso. São várias Escrituras, união de documentos antiqüíssimos encontrados em vários países e variações temporais. Como é possível então que ela seja falsa?

O mesmo pode traduzir para o amor. Seria fácil se o amor fosse algo inventado por algum cinegrafista, ou então algum neo-modismo. Mas ele não é. Simplesmente está presente em todas as línguas, culturas e épocas, regendo o mundo até o período atual. Como pode ter uma fagulha de falsidade nisso?

Há controvérsias de pensamento no que se refere a quem seria a pessoa certa. Alma gêmea, criado para você, escolhido, separado, tampa da panela... inúmeras são as expressões que tentam definir esse alguém, e várias são as ramificações de pensamento. Existindo isso ou não, o que há é aquela pessoa que você simplesmente sabe ser perfeita. Pelo menos para você, e para aquela ocasião; com a tradução de um pensamento no sorriso, com a magia necessária para que você saiba que a lua está mais próxima que em outras noites. Como se você estivesse olhando para um espelho, conversando com a sua consciência, como se tudo isso fosse criado por sua mente, numa tentativa de projetar algo belo e fazer com que você não desista do amor. Depois de algum tempo você realmente percebe que aquela pessoa é real, e decide se unir a fim de formar uma única vida: a dos dois pensamentos em um só.

O ponto é, mesmo que em determinado momento haja um motivo que impeçam a união, o amor vai permanecer. Apesar de toda mágoa, angústia ou contradição na hora, o sentimento mais forte prevalece. Esse casal pode passar anos separados, mas quando se reencontrarem – com a cura do tempo – vai se revelar um amor intacto, resguardado e singular. Simplesmente amor. Complexo e singelo.

Sem essa frase, vos declaro marido e mulher! E que comece a chuva de arroz...

Monique, verão de 2008


[1] Seja pastor, padre, pai de santo ou qualquer outro ministro religoso.